Aprendizagem aberta


Arnaldo Niskier

Emprego e educação de qualidade compõem um binômio essencial para o crescimento brasileiro. É um fator que, dependendo da conjuntura internacional, pode alavancar o nosso progresso, desde que saibamos aproveitar as janelas que se abrem.
 
Hoje, o quadro do país não é dos mais favoráveis, como demonstram pesquisas do IBGE. Na nossa PEA (População Economicamente Ativa) de 16 a 24 anos de idade, que tende demograficamente a cair, há uma expressiva taxa de desemprego. E os anos que estudo são pouco inspiradores: 7,8% têm de 4 a 7 anos de estudo; 25,3% estudam de 8 a 10 anos e 65,7% têm 11 ou mais anos de estudo.
 
A esses números deve-se agregar o fato de que não oferecemos uma educação de boa qualidade, por fatores diversos, a principal das quais pode ser o baixo nível de formação dos professores. Há uma dicotomia entre os que se formam e as oportunidades de emprego. Os jovens deixam a escola despreparados. Daí ao desânimo é um passo.
 
Precisamos, é certo, ampliar significativamente o ensino profissionalizante. As tentativas anteriores foram frustrantes, como no caso da equivocada Lei no 5632/71. Hoje, há uma perspectiva altamente favorável, com a implantação de projetos de educação à distância, a partir da Lei no 9394/96. A modalidade se abre também para o ensino básico e foi essa percepção que levou o publicitário Jonas Suassuna, com a sua reconhecida criatividade, a propor a adoção da APRENDIZAGEM SUPLEMENTAR. O que seria esse projeto?
 
No largo espaço existente entre o ensino médio e o superior, também chamado pós-secundário, poderiam ser oferecidos cursos com certificados de formação profissional, e apoio na educação à distância. Seriam criados pólos presenciais em todo o território brasileiro, para dar assistência pessoal aos interessados, que, depois de inscritos em instituições autorizadas, receberiam os seus kits em casa, para estudar de acordo com os próprios ritmos de aprendizagem. Em prazos determinados, poderiam comparecer aos pólos para tirar dúvidas. As provas seriam feitas de modo presencial, após o quê seriam entregues os certificados aos alunos, com os quais poderiam ter acesso imediato ao mercado de trabalho.
 
Seriam cursos profissionalizantes em áreas distintas, como a informática (técnicos), hotelaria, administração, educação ambiental, construção civil, construção naval, petróleo e gás, etc. Ao mesmo tempo, as instituições credenciadas, que poderiam fazer convênios com entidades como Senai, Sesc, Sebrae e outras do gênero, estariam aptas, com o emprego da inclusão digital, a oferecer cursos de matemática elementar (todo o conteúdo do ensino básico) ou português, onde são assinaladas as nossas maiores carências. Como reforço à sugestão, esses alunos teriam direito a utilizar os recursos da biblioteca virtual chamada “nuvem de livros”, onde hoje é possível acessar cerca de 10 mil publicações do maior interesse da clientela, a um custo simbólico de dois reais mensais. Não é uma grande ideia?