Otimismo no Rio do Futuro


Arnaldo Niskier

 

Desde que houve a fusão do Estado do Rio de Janeiro com o antigo Estado da Guanabara, sempre foi tema, nas discussões entre empresários, o chamado esvaziamento econômico. A idéia, que não foi submetida a plebiscito, teria prejudicado sobretudo a capital, cujos impostos deveriam ser, a partir de então, repartidos com a pobreza fluminense, apesar dos seus bolsões de progresso.
 
Hoje, curiosamente, há uma onda de otimismo varrendo o território fluminense. A auto-estima está presente e para isso contribui a série de grandes projetos em andamento, todos eles fortes geradores de empregos especializados. O PAC prevê obras essenciais, como o Arco Rodoviário, que facilitará o escoamento de produtos pelo porto de Itaguaí (ex-Sepetiba). Resultado do bom e necessário entendimento entre o Governo do Estado e a Presidência da República. Vai desafogar a Avenida Brasil.
 
Na mesma linha de raciocínio, pode-se esperar muito da Companhia Siderúrgica do Atlântico, com milhares de empregos, e a Refinaria da Petrobras, em Itaboraí. A maior empresa brasileira iniciou os procedimentos para a obtenção dos recursos humanos qualificados para assegurar o sucesso da obra. Aliás, vale a pena frisar que das cinco melhores empresas do nosso País quatro encontram-se no Rio de Janeiro, a saber: a citada Petrobras, a Vale do Rio Doce, a OI (associada à Brasil Telecom) e a Companhia Siderúrgica Nacional. Em quinto lugar aparece a Gerdau, do Rio Grande do Sul. Nenhuma de São Paulo.
 
O esvaziamento econômico ficou no passado. Ao longo do próximo decênio, o Rio de Janeiro receberá investimentos de cerca de 100 bilhões de dólares – e é para esse novo tempo que devemos estar preparados. Há um cenário favorável ao crescimento e para isso não pode haver leniência quando o tema é a preparação de pessoas qualificadas. Importar engenheiros ou motoristas, como pretende a Vale, não parece razoável. Se os nossos profissionais não entendem de navegação eletrônica ou mal compreendem o uso do GPS a solução é apurar o treinamento, como procuramos fazer no Centro de Integração Empresa-Escola do Rio de Janeiro. Hoje, a instituição tem a responsabilidade de promover estágios para 23 mil jovens, além de desenvolver de forma crescente o seu programa de aprendizes legais, estes protegidos por incentivos empresariais bastante expressivos.
 
Os empregos vêm dos grandes investimentos que estão sendo feitos. A Petrobras investirá de 60 a 80 bilhões de dólares nas bacias sedimentares da plataforma continental, com resultados concretos, como é o caso do poço de Tupi, dos maiores do mundo, que ao funcionar permitirá a distribuição de royalties ainda mais significativos para diversos dos nossos municípios. Crescerá o pólo de Resende, será construído o Porto de Açu (empresário Eike Batista) e várias ações pontuais estão sendo previstas, como a ampliação do pólo de moda de Nova Friburgo.
 
Com maior garantia de segurança e uma educação aperfeiçoada será possível redesenhar o desenvolvimento social e econômico do Rio de Janeiro, lastreado numa política inteligente de formação de mão-de-obra especializada.