A alegria das inaugurações


Arnaldo Niskier

A vida de um Secretário de Estado, no Rio de Janeiro, tem tudo para não ser monótona. Ao contrário, enche de satisfação o seu eventual titular. A primeira vez que experimentei essa sensação foi em 1969, quando tive o prazer de inaugurar o grande planetário do Rio de Janeiro, na Gávea. Era um sonho que realizava, com a ajuda inestimável do Ministério da Educação, que cedeu o equipamento alemão natural Zeiss-Jena.
 
Depois, vieram as 88 escolas do período de Secretário de Estado de Educação e Cultura, entre 79 a 83. Com a ampliação do nosso orçamento, graças a medida do governador Chagas Freitas, batemos o recorde fluminense. Vieram escolas em muitas e antes desassistidas cidades, como podemos exemplificar com as que me vêem à memória: Walter Orlandini, em São Gonçalo, Juscelino Kubitschek no Rio de Janeiro (com a presença de D. Sara, esposa do ex-presidente), Raymundo Magalhães em São João da Barra, Papa João Paulo II em Mangaratiba, Armando Dias em Japeri, Félix Miranda em Campos, Elvídio Costa em São Fidélis, João Gomes de Matos Sobrinho em Maricá, Vicente Januzzi na Barra da Tijuca (a última do meu período de governo) e a Sylvio de Campos Freire (Centro de agropecuária) em Miracema.
 
Como se pode verificar, a seleção foi bem diversificada e todas foram construídas com enorme zelo profissional, para que dotassem os respectivos alunos de todo o conforto possível. Tínhamos uma notável equipe de arquitetos, sob o comando de Márcia Tacsir.
 
O fenômeno jamais se repetiu, sobretudo em virtude da ausência de recursos financeiros, como se viu no último período de governo, em que faltou de tudo, inclusive a imprescindível merenda escolar.
 
É preciso governar com absoluta prioridade dada à educação, o que se mede pela atribuição de recursos expressivos. O que se viu, no governo passado, foi o movimento contrário: cortes e mais cortes nas verbas da educação, como se fosse natural conviver com isso. No caso do governador Chagas Freitas, a lei obrigava a reservar 25% do orçamento para educação. Na minha frente, ele chamou o Secretário de Planejamento, na época o Francisco de Melo Franco, filho do acadêmico Afonso Arinos, e deu a ordem com muita energia: “Coloque aí 33% para educação. O Niskier saberá o que fazer com esse dinheiro.” O resultado são as escolas que aí estão.