Sustentabilidade e educação
										    Arnaldo Niskier
											
										     
								
	 
	A expressão desenvolvimento sustentável está na moda. Tem
	tudo a ver com as nossas perspectivas de vida saudável e, por isso mesmo, o papel da
	educação, nesse processo, é fundamental, quando, numa aula de Ciências, discute-se a
	quantidade de animais ameaçados de extinção, como é o caso das ararinhas azuis, que
	não se encontram mais na natureza (só em cativeiros), na verdade estamos preparando
	o espírito dos nossos futuros executivos para a necessidade inadiável de respeito aos
	limites do planeta.
	 
	O especialista Israel Klabin, presidente da Fundação Brasileira
	para o Desenvolvimento Sustentável (FNDS) está preocupado: “Estamos degradando
	a Terra em alta velocidade.” Reclama da utilização intensiva de combustíveis fósseis,
	do desmatamento desordenado e da falta de cuidado com os nossos recursos hídricos
	(“hoje, cerca de 25% dos rios do mundo chegam secos aos oceanos.”).
	 
	Essas alterações, a que se soma a perda da biodiversidade,
	sacrificam a sustentabilidade. “O abate de uma árvore na Amazônia pode ser causa de
	uma inundação na India, assim como queimar carvão na China pode causar uma grande
	onda de frio na Europa.” São intercorrências naturais, quando não se tem o cuidado
	elementar de respeitar fatores que podem levar a humanidade ao retrocesso em relação
	ao seu conforto e sobrevida.
	 
	Segundo estudos da OCDE, a poluição atmosférica urbana será
	a principal causa da mortalidade no mundo em 2050. Nem as guerras localizadas e a
	eventual insanidade de líderes da época serão capazes de promover maior estrago. É
	mais atual do que nunca a discussão em torno da redução da emissão de gás carbônico
	na atmosfera, para atenuar os efeitos danosos sobre o clima.
	 
	Queremos o crescimento sustentável do Brasil, ou seja,
	aquele que pode ser sustentado ou mantido, trazendo maior conforto ao nosso povo.
	Abordando o tema, a presidente Dilma Rousseff tocou fundo no problema: “Temos de
	ser contemporâneos do momento histórico e apostar em ciência e tecnologia, inovação e
	educação.”
	 
	Para discutir o assunto, nada menos de 120 países estarão
	representados na Rio+20, que se realizará em junho próximo. Longe da preocupação da
	Eco92 com a caça às baleias e o fim do uso da energia nuclear, hoje os temas estão bem
	mais perto de cada um de nós: o uso da água, da energia (com suas novas formas), o
	lixo, o transporte e o consumo. A preocupação dominante, na sociedade internacional,
	é a preservação de recursos naturais, matéria até aqui descurada. Só no Rio de Janeiro,
	 
	que bate o recorde nacional, consome-se 215 litros de água diariamente por pessoa,
	naturalmente um gasto despropositado. Há muito o que se fazer nesse item, como
	comprovaram técnicos brasileiros que estiveram recentemente no Estado de Israel, para
	o qual a água tem tanto valor quanto o petróleo. Sem exagero.
	 
	Nos parâmetros curriculares nacionais prevê-se a existência de
	matérias transversais, como é o caso da Educação Ambiental. Dar maior valor a isso é
	um passo decisivo, para a criação de uma verdadeira e inadiável consciência ecológica,
	no espírito dos nossos estudantes.